De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Brasil pode liderar a frente esquecida do clima
05/05/2025
Autor: BEZERRA, Henrique
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Brasil pode liderar a frente esquecida do clima
País pode ajudar a lançar coalizão para ação de curto prazo, centrada no metano, no carbono negro (fuligem) e em outros poluentes climáticos de vida curta
05/05/2025
Henrique Bezerra
Líder regional para a América Latina no Global Methane Hub.
Enquanto o mundo corre para manter o aquecimento global abaixo de 1,5oC e salvar o Acordo de Paris, uma das alavancas mais poderosas para aliviar o clima no curto prazo continua subutilizada: a redução das emissões do metano e de outros poluentes que não o CO₂. Em um momento de complexidade geopolítica e de mudanças nas alianças climáticas, o Brasil tem uma oportunidade única de liderar uma nova diplomacia climática - focada em ações rápidas, justas e de alto impacto.
Com a próxima cúpula do Brics no horizonte e os crescentes apelos por um aumento da ambição climática para manter a meta do Acordo de Paris viva, o Brasil está em uma encruzilhada entre a liderança regional e credibilidade global e um temido fracasso das negociações. O país pode ajudar a lançar uma coalizão de alta ambição para a ação climática de curto prazo, centrada no metano, no carbono negro (fuligem) e em outros poluentes climáticos de vida curta (SLCPs) que estão acelerando o aquecimento global.
Diferente do CO₂, que se acumula por séculos, o metano e a fuligem têm impactos climáticos imediatos. Cortá-los agora pode desacelerar o aquecimento em até 0,5oC antes de 2050. O Brasil conhece bem essa realidade. As queimadas na Amazônia geram fuligem que escurece geleiras nos Andes. O metano do gado, de lixões e de arrozais contribui para o calor extremo, a poluição por ozônio e a perda de produtividade agrícola. Esses não são problemas distantes; estão aqui, agora, e afetam desproporcionalmente o Sul Global.
Ainda assim, a ação sobre os SLCPs continua isolada, sendo muitas vezes vista como um complemento periférico às estratégias de mitigação de dióxido de carbono. Isso precisa mudar. O mundo precisa de uma nova abordagem de mitigação baseada em temperatura - que não meça apenas toneladas evitadas, mas graus prevenidos. É aqui que o Brasil pode liderar.
Imagine uma cúpula liderada pelo Brasil sobre poluentes não CO₂ - reunindo China, União Europeia, Índia, União Africana e países-chave da América Latina. Não como um fórum centrado nos EUA, mas como uma parceria Sul-Norte baseada em equidade e urgência. Imagine os países do Brics endossando uma meta comum de reduzir o metano em 30% e eliminar as principais fontes de fuligem em uma década. Esses passos não apenas resfriariam o planeta, mas também salvariam milhões de vidas por meio da melhora na qualidade do ar.
A liderança do Brasil poderia acelerar:
Cortes rápidos de metano na agricultura, resíduos e setor de combustíveis fósseis;
Programas em larga escala de fogões limpos na África, Ásia e América Latina;
Inovação em tecnologias de refrigeração e substituição de HFCs;
Cooperação regional para combater queimadas.
O Global Methane Hub e a Clean Air Fund estão prontos para apoiar essa visão - com financiamento, ciência e parcerias que transformam ambição em ação.
À medida que o mundo busca novo impulso climático, o Brasil tem a credibilidade, a capacidade e o imperativo climático para agir. Ao assumir a liderança na mitigação do metano e poluição do ar, o país pode redefinir o que significa ser líder climático: não apenas em gigatoneladas de CO₂, mas em vidas salvas, florestas e geleiras preservadas, colheitas protegidas e graus de aquecimento evitados.
O próximo capítulo da ação climática precisa ser mais rápido, mais justo e mais focado. O Brasil pode escrevê-lo.
https://valor.globo.com/opiniao/coluna/brasil-pode-liderar-a-frente-esquecida-do-clima.ghtml
País pode ajudar a lançar coalizão para ação de curto prazo, centrada no metano, no carbono negro (fuligem) e em outros poluentes climáticos de vida curta
05/05/2025
Henrique Bezerra
Líder regional para a América Latina no Global Methane Hub.
Enquanto o mundo corre para manter o aquecimento global abaixo de 1,5oC e salvar o Acordo de Paris, uma das alavancas mais poderosas para aliviar o clima no curto prazo continua subutilizada: a redução das emissões do metano e de outros poluentes que não o CO₂. Em um momento de complexidade geopolítica e de mudanças nas alianças climáticas, o Brasil tem uma oportunidade única de liderar uma nova diplomacia climática - focada em ações rápidas, justas e de alto impacto.
Com a próxima cúpula do Brics no horizonte e os crescentes apelos por um aumento da ambição climática para manter a meta do Acordo de Paris viva, o Brasil está em uma encruzilhada entre a liderança regional e credibilidade global e um temido fracasso das negociações. O país pode ajudar a lançar uma coalizão de alta ambição para a ação climática de curto prazo, centrada no metano, no carbono negro (fuligem) e em outros poluentes climáticos de vida curta (SLCPs) que estão acelerando o aquecimento global.
Diferente do CO₂, que se acumula por séculos, o metano e a fuligem têm impactos climáticos imediatos. Cortá-los agora pode desacelerar o aquecimento em até 0,5oC antes de 2050. O Brasil conhece bem essa realidade. As queimadas na Amazônia geram fuligem que escurece geleiras nos Andes. O metano do gado, de lixões e de arrozais contribui para o calor extremo, a poluição por ozônio e a perda de produtividade agrícola. Esses não são problemas distantes; estão aqui, agora, e afetam desproporcionalmente o Sul Global.
Ainda assim, a ação sobre os SLCPs continua isolada, sendo muitas vezes vista como um complemento periférico às estratégias de mitigação de dióxido de carbono. Isso precisa mudar. O mundo precisa de uma nova abordagem de mitigação baseada em temperatura - que não meça apenas toneladas evitadas, mas graus prevenidos. É aqui que o Brasil pode liderar.
Imagine uma cúpula liderada pelo Brasil sobre poluentes não CO₂ - reunindo China, União Europeia, Índia, União Africana e países-chave da América Latina. Não como um fórum centrado nos EUA, mas como uma parceria Sul-Norte baseada em equidade e urgência. Imagine os países do Brics endossando uma meta comum de reduzir o metano em 30% e eliminar as principais fontes de fuligem em uma década. Esses passos não apenas resfriariam o planeta, mas também salvariam milhões de vidas por meio da melhora na qualidade do ar.
A liderança do Brasil poderia acelerar:
Cortes rápidos de metano na agricultura, resíduos e setor de combustíveis fósseis;
Programas em larga escala de fogões limpos na África, Ásia e América Latina;
Inovação em tecnologias de refrigeração e substituição de HFCs;
Cooperação regional para combater queimadas.
O Global Methane Hub e a Clean Air Fund estão prontos para apoiar essa visão - com financiamento, ciência e parcerias que transformam ambição em ação.
À medida que o mundo busca novo impulso climático, o Brasil tem a credibilidade, a capacidade e o imperativo climático para agir. Ao assumir a liderança na mitigação do metano e poluição do ar, o país pode redefinir o que significa ser líder climático: não apenas em gigatoneladas de CO₂, mas em vidas salvas, florestas e geleiras preservadas, colheitas protegidas e graus de aquecimento evitados.
O próximo capítulo da ação climática precisa ser mais rápido, mais justo e mais focado. O Brasil pode escrevê-lo.
https://valor.globo.com/opiniao/coluna/brasil-pode-liderar-a-frente-esquecida-do-clima.ghtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.