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Suraras do Tapajós: o coletivo que canta a força das mulheres indígenas no ritmo do carimbó

05/10/2025

Autor: Priscilla Geremias, Marie Claire

Fonte: Um só Planeta - https://umsoplaneta.globo.com/



Suraras do Tapajós: o coletivo que canta a força das mulheres indígenas no ritmo do carimbó
Grupo canta pautas voltadas para o direito das mulheres, a defesa do território, o cuidado com o meio ambiente e a preservação da cultura povos originários

Às margens do rio Tapajós, no Pará, ecoam vozes que atravessam a mata. São as Suraras do Tapajós, o primeiro grupo de carimbó formado apenas por mulheres indígenas no Brasil. Criado em 2018, nasceu como coletivo "Guerreiras do Tapajós", com o desejo de transformar em canto a luta contra o apagamento cultural, o machismo e o racismo estrutural que atravessam a vida das mulheres amazônicas. E fez isso a partir de um dos ritmos mais emblemáticos da região: o carimbó.

Uma das atrações do Festival Mana, nesse domingo (28), em Belém, do Pará, o grupo subiu ao palco e lembrou que "Surara" significa guerreira em Tupi e é justamente essa identidade que elas carregam. São mulheres que enfrentam as violências históricas impostas aos povos originários, mas também as de artistas que criam um espaço de afirmação e futuro por meio da música.

O grupo é formado por mulheres de diferentes etnias da região do Baixo Tapajós, entre elas Borari, Arapium e Tapajó. Elas se reúnem para cantar músicas autorais e também cânticos tradicionais, criando um carimbó que dialoga com a ancestralidade e com as urgências contemporâneas.

No som dos tambores, dos maracás e nas letras que compõem, ecoam denúncias contra a violência de gênero, quando cantam "Sou guerreira Surara/ Eu sou, eu sou/ Não venha mexer comigo/ Que é forte o meu tambor" na música "Guerreira Surara" ou ainda alertam sobre a devastação ambiental. "Te convido para fazer parte/ Dessa luta com nossos irmãos/ Chamamos todos os encantados/ Em defesa do nosso chão", diz a canção "Segredos da Floresta".

Mais do que música, as Suraras fazem política. Elas pautam, na prática, um feminismo indígena, que dialoga com as lutas de outras mulheres, mas sem abrir mão de suas especificidades, como a defesa do território e da ancestralidade. "Somos mulheres indígenas/ Paridas no Tapajós/ É nossa sina/ Proteger o futuro de todos nós", cantam e tocam em "Amazônia".

O coletivo já se apresentou em importantes espaços culturais do Brasil e levou o carimbó para outros países. Mas, mesmo diante do reconhecimento, enfrentam barreiras, como a dificuldade de financiamento e a falta de políticas culturais que contemplem a diversidade amazônica.

Ainda assim, as Suraras seguem. E cada vez que levantam seus maracás e batem o tambor do carimbó, lembram que cantar é também lutar. E que não há futuro possível sem escutar as vozes das mulheres que há séculos defendem a floresta.

A jornalista viajou a convite do Festival Mana.

https://umsoplaneta.globo.com/cultura-design-e-moda/noticia/2025/10/05/suraras-do-tapajos-o-coletivo-que-canta-a-forca-das-mulheres-indigenas-no-ritmo-do-carimbo.ghtml
 

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