De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Guajajara envia a Dino dez terras indígenas para demarcação em meio a derrota com marco temporal

02/10/2023

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/10



Guajajara envia a Dino dez terras indígenas para demarcação em meio a derrota com marco temporal
Documento foi encaminhado à Justiça dois dias após Congresso aprovar o projeto que atende tese de ruralistas

João Gabriel
Brasília
2.out.2023 às 11h35

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enviou ao ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, dez novas terras indígenas que estão prontas para ter andamento no processo de demarcação, na mesma semana em que o Congresso aprovou o projeto do marco temporal.
O ofício, assinado na noite de sexta-feira (29), traz a lista de todos os territórios nessa situação e solicita que seja feita a portaria declaratória, que é de competência da pasta de Dino, e também que se dê prosseguimento com a homologação, fase final, sob responsabilidade da Presidência.
"[O andamento do processo visa] garantir a proteção dos direitos territoriais indígenas, frequentemente ameaçados por invasões e esbulhos, sendo medida apta também para dirimir conflitos fundiários de longa duração, que repercutem em violências e instabilidades afetando drasticamente os povos indígenas no Brasil", diz Guajajara, no ofício.
O documento foi enviado dois dias após o Congresso aprovar o projeto de lei do marco temporal, aplicando uma derrota a Guajajara e também como forma de enviar um recado ao STF (Supremo Tribunal Federal), que recentemente decidiu pela derrubada da tese.
O presidente Lula (PT) deve vetar total ou parcialmente a proposta, que é amplamente criticada por ministras como Marina Silva (Meio Ambiente) e a própria Guajajara, mas tem apoio, mesmo que parcial, de nomes como Carlos Fávaro (Agricultura).
Na visão da bancada ruralista, os pontos mais importantes do projeto, e que devem causar maior reação caso vetados, são o próprio marco e também o dispositivo que impede a ampliação dos territórios.
O grupo diz acreditar ter apoio suficiente para derrubar as decisões de Lula, se necessário. Mesmo que o façam, devem avançar também com PECs (propostas de emenda à Constituição), uma para determinar a indenização a proprietários que tenham suas terras convertidas em territórios, e outra como forma de implementar o marco temporal no texto da Constituição.
A articulação se soma a uma série de insatisfações do Congresso com relação a posicionamentos recentes do Supremo.
O movimento começou, como mostrou a Folha, no Senado, quando o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) apresentou uma PEC para proibir o porte de drogas, independentemente de quantidade ou substância. Foi uma resposta ao STF, que tem um placar -ainda parcial- de 5 votos a 1 para afastar a criminalização do porte de maconha para consumo próprio.
O argumento é de que os ministros têm interferido na competência do Congresso de legislar. A intenção é reagir por meio de PECs pelo entendimento de que, uma vez que o STF deve seguir a Constituição, se ela for alterada, a corte deverá seguir o posicionamento dado pelos congressistas.
Após o Supremo decidir contra a tese do marco temporal, a bancada ruralista e a oposição da Câmara somaram forças publicamente contra a corte -insurreição que causou, inclusive, a obstrução da pauta da Câmara dos Deputados na última quarta-feira (27).
Ao mesmo tempo, no Senado, o grupo aprovou, também na quarta, o projeto de lei do marco temporal tanto na Comissão de Assuntos Econômicos como no plenário, tudo em poucas horas, e com uma série de discursos contra a posição do Supremo no tema.
Então, na sexta, Guajajara enviou o ofício a Dino para avançar com os processos declaratórios.
A lista tem um total de 23 territórios que estão prontos para terem a portaria declaratória feita -etapa que marca o reconhecimento da terra indígena e de sua área, antes de ser oficializado pela Presidência, no ato da homologação.
Dos 23, quatro foram enviados ao Ministério da Justiça após a aprovação do marco temporal no Congresso e outros seis, às vésperas, um ou dois dias antes de a votação acontecer.
Esses dez territórios ficam nos estados da Bahia (3), Mato Grosso (2), Alagoas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul.
No início de setembro, Lula homologou duas novas terras indígenas: Rio Gregório, em Tarauacá (AC), e Acapuri de Cima, em Fonte Boa (AM).
Há ainda outros seis processos demarcatórios que já estão prontos para homologação -o governo prepara um cronograma para anunciar os próximos seis a serem demarcados até o final do ano.
As dez terras indígenas (TI) enviadas por Guajajara a Dino
TI Barra Velha do Monte Pascoal, nos municípios de Itamaraju, Porto Seguro e Prado (BA)
TI Wassú-Cocal, nos municípios de Joaquim Gomes, Colônia Leopoldina, Matriz de Camaragibe e Novo Lino (AL)
TI Kanela Memortumré, nos municípios de Barra do Corda e Fernando Falcão (MA)
TI Tumbalalá, nos municípios de Abaré e Curaçá (BA)
TI Pontal dos Apiacas, no município de Apiakás (MT)
TI Votouro-Kandóia, municípios de Faxinalzinho e Benjamin Constant do Sul (RS)
TI Tapy'i/Rio Branquinho, no município de Cananeia (SP)
TI Menkü, município de Brasnorte (MS)
TI Paukalirajausu, nos municípios de Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT)
TI Tupinambá de Belmonte, no município de Belmonte (BA)

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/10/guajajara-envia-a-dino-dez-terras-indigenas-para-demarcacao-em-meio-a-derrota-com-marco-temporal.shtml
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.