De Pueblos Indígenas en Brasil
Noticias
Estudos questionam argumento de que petróleo pode financiar transição energética
11/11/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Estudos questionam argumento de que petróleo pode financiar transição energética
Produção científica também coloca em xeque tese de que exploração de combustíveis fósseis pode reduzir pobreza
Na COP30, Lula prometeu fundo de transição com verba dos fósseis
11/11/2025
Nicola Pamplona
Um estudo publicado na revista científica Nature Sustainability questiona um dos principais argumentos usadas por petroleiras e pelo governo Lula para abrir novas fronteiras para exploração de petróleo no país em meio à crise climática.
A análise de pesquisadores do Instituto de Ciência Ambiental e Tecnologia da Universidade Autônoma de Barcelona aponta que petroleiras respondem por apenas 1,42% da geração de energia renovável no mundo.
"As iniciativas das empresas de petróleo e gás em energias renováveis são apenas pontuais", diz o coordenador do estudo, Marcel Llavero-Pasquina.
A indústria do petróleo vem usando seu papel como possível financiador da transição energética como um argumento para ampliar a produção, apesar do consenso científico sobre a necessidade de reduzir a queima de combustíveis fósseis para mitigar a crise do clima.
No Brasil, esse argumento tem o apoio do governo Lula, que defende a perfuração de poços exploratórios na costa da amazônia. Na semana passada, diante de lideranças globais em Belém, o presidente prometeu um fundo para investir em energia limpa com o dinheiro do petróleo.
O estudo coordenado por Llavero-Pasquina mostra, porém, que apenas 20% das 250 petroleiras pesquisadas têm projetos de energias renováveis em operação. Estes representam 0,1% de sua produção de energia primária, segundo o levantamento.
Após um período de promessas de investimentos em renováveis, o setor de petróleo começou a recuar no início da década, argumentando que havia necessidade de produzir energia barata e segura diante dos efeitos da Guerra da Ucrânia no suprimento global.
Gigantes europeus como BP, Equinor e TotalEnergies estão entre as empresas que cortaram orçamento para renováveis. No Brasil, a Petrobras retomou ambições de investir em eólicas e etanol desde 2023, mas ainda não fechou negócios.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis apontam que nem sequer as pesquisas em energias renováveis têm apoio maciço do setor de petróleo: receberam até hoje 6% do total de recursos arrecadados pela cláusula que destina à inovação parte da receita dos contratos de concessão.
Recursos públicos arrecadados com a produção de petróleo também não têm sido destinados para esse fim, aponta estudo do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), que detalhou o caminho dos R$ 108 bilhões arrecadados pelo Brasil em royalties, participações especiais ou bônus de concessão das áreas.
transição energética foi ignorada. Despesas ambientais ficaram com apenas R$ 168,3 milhões, menos de 0,2% do total. São verbas que foram destinadas ao Ministério do Meio Ambiente para gestão ambiental da cadeia do petróleo e a projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A promessa de investimentos em renováveis é parte de uma campanha mais ampla para justificar a expansão da produção de petróleo não só no Brasil, mas em todo o planeta. Essa campanha vem reforçando narrativas questionadas não só por ambientalistas, mas por estudos científicos.
Uma delas defende que o setor tem investido pesadamente na redução de sua pegada de carbono. Dados do próprio setor indicam que as emissões de CO2 nas operações de petroleiras reunidas na Oil and Gas Climate Initiative caíram 24% na comparação de 2024 com 2017. Já as emissões de metano caíram 62% no período.
Embora promissor, o número representa uma fração pequena da poluição pela queima de petróleo, já que as emissões na fase de produção equivalem a apenas 20% do total do setor. A maior parte é provocada pelo consumo de combustíveis, tanto em veículos quanto pela indústria e outros consumidores.
Outro argumento das petroleiras é o econômico. O setor diz que suas atividades geram desenvolvimento local e têm recebido apoio de políticos do Amapá, onde está a bacia da Foz do Amazonas, principal alvo das petroleiras.
O economista e pesquisador Jorge Amaro Bastos Alves publicou recentemente dois estudos que indicam, porém, que a receita do petróleo não é garantia de desenvolvimento econômico e social. Um deles analisou 67 cidades brasileiras que receberam royalties do petróleo de 1999 e 2017 e concluiu que o Índice de Desenvolvimento Humano médio deles é 8,9% menor do que a média dos municípios brasileiros que não receberam a receita.
Em outro, comparou indicadores de 21 cidades petroleiras brasileiras e 21 do Texas, nos Estados Unidos, e concluiu que, embora a renda petroleira tenha impulsionado o PIB e a arrecadação, não há sinais de que tenha reduzido a pobreza.
"Tudo tende a confirmar que os recursos são mal geridos", afirma o pesquisador. "Os royalties aumentam a atividade econômica e a produtividade, mas o que reduz pobreza é política pública bem desenhada."
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás, Roberto Ardenghy, diz que o setor de petróleo tem apostado em novas tecnologias mais alinhadas com seu negócio principal, mas ainda incipientes, como eólicas offshore (no mar) e energia geotérmica.
As empresas de petróleo, continua, não têm expertise para competir em segmentos já estabelecidos, como energia solar ou eólicas em terra. "Quando se fala que empresas de petróleo investem pouco, é porque as tecnologias ainda estão embrionárias", afirma.
Ele afirma ainda que o setor recolhe bilhões de reais em impostos que podem ser destinados a programas de investimentos em transição energética. "A cada três barris produzidos, dois são impostos."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/estudos-questionam-defesa-de-que-petroleo-financiara-a-transicao-energetica.shtml
Produção científica também coloca em xeque tese de que exploração de combustíveis fósseis pode reduzir pobreza
Na COP30, Lula prometeu fundo de transição com verba dos fósseis
11/11/2025
Nicola Pamplona
Um estudo publicado na revista científica Nature Sustainability questiona um dos principais argumentos usadas por petroleiras e pelo governo Lula para abrir novas fronteiras para exploração de petróleo no país em meio à crise climática.
A análise de pesquisadores do Instituto de Ciência Ambiental e Tecnologia da Universidade Autônoma de Barcelona aponta que petroleiras respondem por apenas 1,42% da geração de energia renovável no mundo.
"As iniciativas das empresas de petróleo e gás em energias renováveis são apenas pontuais", diz o coordenador do estudo, Marcel Llavero-Pasquina.
A indústria do petróleo vem usando seu papel como possível financiador da transição energética como um argumento para ampliar a produção, apesar do consenso científico sobre a necessidade de reduzir a queima de combustíveis fósseis para mitigar a crise do clima.
No Brasil, esse argumento tem o apoio do governo Lula, que defende a perfuração de poços exploratórios na costa da amazônia. Na semana passada, diante de lideranças globais em Belém, o presidente prometeu um fundo para investir em energia limpa com o dinheiro do petróleo.
O estudo coordenado por Llavero-Pasquina mostra, porém, que apenas 20% das 250 petroleiras pesquisadas têm projetos de energias renováveis em operação. Estes representam 0,1% de sua produção de energia primária, segundo o levantamento.
Após um período de promessas de investimentos em renováveis, o setor de petróleo começou a recuar no início da década, argumentando que havia necessidade de produzir energia barata e segura diante dos efeitos da Guerra da Ucrânia no suprimento global.
Gigantes europeus como BP, Equinor e TotalEnergies estão entre as empresas que cortaram orçamento para renováveis. No Brasil, a Petrobras retomou ambições de investir em eólicas e etanol desde 2023, mas ainda não fechou negócios.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis apontam que nem sequer as pesquisas em energias renováveis têm apoio maciço do setor de petróleo: receberam até hoje 6% do total de recursos arrecadados pela cláusula que destina à inovação parte da receita dos contratos de concessão.
Recursos públicos arrecadados com a produção de petróleo também não têm sido destinados para esse fim, aponta estudo do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), que detalhou o caminho dos R$ 108 bilhões arrecadados pelo Brasil em royalties, participações especiais ou bônus de concessão das áreas.
transição energética foi ignorada. Despesas ambientais ficaram com apenas R$ 168,3 milhões, menos de 0,2% do total. São verbas que foram destinadas ao Ministério do Meio Ambiente para gestão ambiental da cadeia do petróleo e a projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A promessa de investimentos em renováveis é parte de uma campanha mais ampla para justificar a expansão da produção de petróleo não só no Brasil, mas em todo o planeta. Essa campanha vem reforçando narrativas questionadas não só por ambientalistas, mas por estudos científicos.
Uma delas defende que o setor tem investido pesadamente na redução de sua pegada de carbono. Dados do próprio setor indicam que as emissões de CO2 nas operações de petroleiras reunidas na Oil and Gas Climate Initiative caíram 24% na comparação de 2024 com 2017. Já as emissões de metano caíram 62% no período.
Embora promissor, o número representa uma fração pequena da poluição pela queima de petróleo, já que as emissões na fase de produção equivalem a apenas 20% do total do setor. A maior parte é provocada pelo consumo de combustíveis, tanto em veículos quanto pela indústria e outros consumidores.
Outro argumento das petroleiras é o econômico. O setor diz que suas atividades geram desenvolvimento local e têm recebido apoio de políticos do Amapá, onde está a bacia da Foz do Amazonas, principal alvo das petroleiras.
O economista e pesquisador Jorge Amaro Bastos Alves publicou recentemente dois estudos que indicam, porém, que a receita do petróleo não é garantia de desenvolvimento econômico e social. Um deles analisou 67 cidades brasileiras que receberam royalties do petróleo de 1999 e 2017 e concluiu que o Índice de Desenvolvimento Humano médio deles é 8,9% menor do que a média dos municípios brasileiros que não receberam a receita.
Em outro, comparou indicadores de 21 cidades petroleiras brasileiras e 21 do Texas, nos Estados Unidos, e concluiu que, embora a renda petroleira tenha impulsionado o PIB e a arrecadação, não há sinais de que tenha reduzido a pobreza.
"Tudo tende a confirmar que os recursos são mal geridos", afirma o pesquisador. "Os royalties aumentam a atividade econômica e a produtividade, mas o que reduz pobreza é política pública bem desenhada."
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás, Roberto Ardenghy, diz que o setor de petróleo tem apostado em novas tecnologias mais alinhadas com seu negócio principal, mas ainda incipientes, como eólicas offshore (no mar) e energia geotérmica.
As empresas de petróleo, continua, não têm expertise para competir em segmentos já estabelecidos, como energia solar ou eólicas em terra. "Quando se fala que empresas de petróleo investem pouco, é porque as tecnologias ainda estão embrionárias", afirma.
Ele afirma ainda que o setor recolhe bilhões de reais em impostos que podem ser destinados a programas de investimentos em transição energética. "A cada três barris produzidos, dois são impostos."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/estudos-questionam-defesa-de-que-petroleo-financiara-a-transicao-energetica.shtml
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.