De Pueblos Indígenas en Brasil
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Mapeamento revela dimensão do risco climático nos municípios brasileiros
11/11/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Mapeamento revela dimensão do risco climático nos municípios brasileiros
Campo Grande e Cuiabá estão entre as cidades com probabilidade 'muito alta' de enfrentar intempéries em áreas urbanas; adaptação deve ser aprimorada
Diante do agravamento das emergências climáticas, esforços tornam-se urgentes e devem ser pautados pelas justiças social, racial, espacial e ambiental
11/11/2025
Anderson Kazuo Nakano
Arquiteto, urbanista e demógrafo, é professor do Instituto das Cidades da Unifesp e coordenador do Observatório de Lutas Urbanas e Políticas Públicas (Olupp)
Henry Tomio Kreniski Maru
Geógrafo e colaborador do Núcleo de Geologia e Gestão de Riscos de Desastres do Instituto de Pesquisa Ambientais e membro do Olupp
Em meio à COP30, em Belém, ativistas, pesquisadores e membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) têm reiterado que a humanidade não está fazendo o necessário para evitar o aumento excessivo da temperatura global e as consequências catastróficas que ameaçam os sistemas humanos e naturais de sustentação da vida.
Com a repetição e o agravamento de desastres decorrentes de riscos híbridos -sobretudo geológicos, hidrológicos e climatológicos-, conclui-se que a humanidade está perdendo a corrida contra as emergências climáticas. O mundo permanece aquém dos níveis necessários de mitigação das emissões de gases de efeito estufa e de adaptação das condições de vida de populações vulneráveis que habitam territórios suscetíveis aos impactos dos desastres climáticos.
Nesse contexto, está em curso no Brasil o Projeto Adaptação, coordenado pelo Ministério das Cidades em parceria com o Observatório das Metrópoles, reunindo pesquisadoras e pesquisadores de várias instituições. O objetivo é aprimorar a formulação e aplicação de instrumentos de política urbana voltados à adaptação climática das cidades. Um dos produtos do projeto é o Índice de Riscos Urbanos Climáticos (Iruc), elaborado pelos autores deste artigo no âmbito do Observatório de Lutas Urbanas e Políticas Públicas (Olupp) do Instituto das Cidades da Unifesp para medir o risco de desastres climáticos em áreas urbanas dos 5.570 municípios brasileiros.
O Iruc está sendo utilizado pelo Ministério das Cidades como critério de seleção dos 50 municípios que integrarão a primeira etapa do Projeto Adaptação (Edital SNDUM 03/2025). Essas cidades receberão apoio técnico e financeiro para aperfeiçoar seus instrumentos de política urbana e promover adaptações preventivas de suas áreas diante de impactos decorrentes de riscos climáticos.
O risco ocorre quando perigos atingem populações vulneráveis em territórios suscetíveis, provocando perdas humanas e materiais. Segundo o Atlas Digital de Desastres no Brasil (1991-2024), 26,9 milhões de pessoas e 881 mil habitações foram afetadas por inundações; 4,5 milhões de pessoas e 181 mil habitações por alagamentos; 29,9 milhões de pessoas e 735 mil habitações por enxurradas; e 4,9 milhões de pessoas e 66 mil habitações por movimentos de terra. Esses e outros dados compuseram o cálculo do Iruc, construído a partir de indicadores padronizados pelo método z-score e agregados em três índices:
1 - Índice de Desastres: baseado em ocorrências de chuvas intensas, inundações, enxurradas, alagamentos, deslizamentos, ondas de calor, secas, tornados e ciclones, extraídos do Atlas. Considera-se que desastres passados indicam perigos futuros;
2 - Índice de Exposição: inclui dados sobre populações, habitações, infraestruturas e serviços públicos afetados, representando a exposição aos perigos climáticos;
3 - Índice de Vulnerabilidade: formado pelo Índice de Sensibilidade (dados do Censo 2022 sobre populações e domicílios vulneráveis) e pelo Índice de Capacidade Adaptativa (dados sobre transferências federais, capacidade fiscal, de planejamento urbano e gestão de riscos).
Os resultados indicam que oito municípios brasileiros apresentam risco urbano climático muito alto (Iruc> 1): Alenquer (PA), Bandeira do Sul (MG), Campo Grande (MS), Coronel Sapucaia (MS), Cuiabá (MT), Ipojuca (PE), Oriximiná (PA) e Padre Carvalho (MG). Outros 603 têm risco alto (0,25-1), 2.154 médio (0-0,25) e 2.805 baixo (0 a -1).
Os 611 municípios com risco muito alto e alto são prioritários no Projeto Adaptação: 80 estão na amazônia, 290 na caatinga, 56 no cerrado, 168 na mata atlântica, 16 no pampa e 1 no pantanal. Os municípios com risco médio estão na média nacional e também requerem esforços contínuos de adaptação no curto, médio e longo prazo.
Diante do agravamento das emergências climáticas, tais esforços tornam-se urgentes e devem ser pautados pelas justiças social, racial, espacial e ambiental, condições indispensáveis para que a adaptação urbana seja efetiva e equitativa.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/11/mapeamento-revela-dimensao-do-risco-climatico-nos-municipios-brasileiros.shtml
Campo Grande e Cuiabá estão entre as cidades com probabilidade 'muito alta' de enfrentar intempéries em áreas urbanas; adaptação deve ser aprimorada
Diante do agravamento das emergências climáticas, esforços tornam-se urgentes e devem ser pautados pelas justiças social, racial, espacial e ambiental
11/11/2025
Anderson Kazuo Nakano
Arquiteto, urbanista e demógrafo, é professor do Instituto das Cidades da Unifesp e coordenador do Observatório de Lutas Urbanas e Políticas Públicas (Olupp)
Henry Tomio Kreniski Maru
Geógrafo e colaborador do Núcleo de Geologia e Gestão de Riscos de Desastres do Instituto de Pesquisa Ambientais e membro do Olupp
Em meio à COP30, em Belém, ativistas, pesquisadores e membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) têm reiterado que a humanidade não está fazendo o necessário para evitar o aumento excessivo da temperatura global e as consequências catastróficas que ameaçam os sistemas humanos e naturais de sustentação da vida.
Com a repetição e o agravamento de desastres decorrentes de riscos híbridos -sobretudo geológicos, hidrológicos e climatológicos-, conclui-se que a humanidade está perdendo a corrida contra as emergências climáticas. O mundo permanece aquém dos níveis necessários de mitigação das emissões de gases de efeito estufa e de adaptação das condições de vida de populações vulneráveis que habitam territórios suscetíveis aos impactos dos desastres climáticos.
Nesse contexto, está em curso no Brasil o Projeto Adaptação, coordenado pelo Ministério das Cidades em parceria com o Observatório das Metrópoles, reunindo pesquisadoras e pesquisadores de várias instituições. O objetivo é aprimorar a formulação e aplicação de instrumentos de política urbana voltados à adaptação climática das cidades. Um dos produtos do projeto é o Índice de Riscos Urbanos Climáticos (Iruc), elaborado pelos autores deste artigo no âmbito do Observatório de Lutas Urbanas e Políticas Públicas (Olupp) do Instituto das Cidades da Unifesp para medir o risco de desastres climáticos em áreas urbanas dos 5.570 municípios brasileiros.
O Iruc está sendo utilizado pelo Ministério das Cidades como critério de seleção dos 50 municípios que integrarão a primeira etapa do Projeto Adaptação (Edital SNDUM 03/2025). Essas cidades receberão apoio técnico e financeiro para aperfeiçoar seus instrumentos de política urbana e promover adaptações preventivas de suas áreas diante de impactos decorrentes de riscos climáticos.
O risco ocorre quando perigos atingem populações vulneráveis em territórios suscetíveis, provocando perdas humanas e materiais. Segundo o Atlas Digital de Desastres no Brasil (1991-2024), 26,9 milhões de pessoas e 881 mil habitações foram afetadas por inundações; 4,5 milhões de pessoas e 181 mil habitações por alagamentos; 29,9 milhões de pessoas e 735 mil habitações por enxurradas; e 4,9 milhões de pessoas e 66 mil habitações por movimentos de terra. Esses e outros dados compuseram o cálculo do Iruc, construído a partir de indicadores padronizados pelo método z-score e agregados em três índices:
1 - Índice de Desastres: baseado em ocorrências de chuvas intensas, inundações, enxurradas, alagamentos, deslizamentos, ondas de calor, secas, tornados e ciclones, extraídos do Atlas. Considera-se que desastres passados indicam perigos futuros;
2 - Índice de Exposição: inclui dados sobre populações, habitações, infraestruturas e serviços públicos afetados, representando a exposição aos perigos climáticos;
3 - Índice de Vulnerabilidade: formado pelo Índice de Sensibilidade (dados do Censo 2022 sobre populações e domicílios vulneráveis) e pelo Índice de Capacidade Adaptativa (dados sobre transferências federais, capacidade fiscal, de planejamento urbano e gestão de riscos).
Os resultados indicam que oito municípios brasileiros apresentam risco urbano climático muito alto (Iruc> 1): Alenquer (PA), Bandeira do Sul (MG), Campo Grande (MS), Coronel Sapucaia (MS), Cuiabá (MT), Ipojuca (PE), Oriximiná (PA) e Padre Carvalho (MG). Outros 603 têm risco alto (0,25-1), 2.154 médio (0-0,25) e 2.805 baixo (0 a -1).
Os 611 municípios com risco muito alto e alto são prioritários no Projeto Adaptação: 80 estão na amazônia, 290 na caatinga, 56 no cerrado, 168 na mata atlântica, 16 no pampa e 1 no pantanal. Os municípios com risco médio estão na média nacional e também requerem esforços contínuos de adaptação no curto, médio e longo prazo.
Diante do agravamento das emergências climáticas, tais esforços tornam-se urgentes e devem ser pautados pelas justiças social, racial, espacial e ambiental, condições indispensáveis para que a adaptação urbana seja efetiva e equitativa.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/11/mapeamento-revela-dimensao-do-risco-climatico-nos-municipios-brasileiros.shtml
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