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 Após dois anos de queda, desmatamento na Amazônia tem crescimento recorde em maio

06/06/2025

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/



Após dois anos de queda, desmatamento na Amazônia tem crescimento recorde em maio
O resultado foi o segundo pior para o mês em toda a série histórica, e 92% a mais do que maio de 2024

06/06/2025

Lucas Altino

Em maio, o desmatamento na Amazônia subiu pelo segundo mês seguido, levantando preocupações sobre possibilidade de fim na tendência de queda observada nos últimos anos. Os dados, divulgados nesta sexta (6) pelo Ministério do Meio Ambiente, indicam que foram desmatados 960 quilômetros quadrados (km2) na Amazônia no mês passado, um número 92% maior do que o registrado em maio de 2024. Esse se torna o segundo pior resultado para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2016.

Apenas em 2021 houve um resultado pior para o mês de maio. Segundo o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, que participou da apresentação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), o principal fator para alta seriam os incêndios florestais. Ano passado a Amazônia e todo o resto do país viveram um recorde de queimadas, em meio a um forte El Niño que provocou uma seca histórica.

Como o fogo não provoca, necessariamente, a queda imediata de árvores, há a hipótese de que o sistema de monitoramento só esteja registrando os chamados cortes rasos agora.

- O impacto dos incêndios florestais ao longo da história foi relativamente baixo sobre a taxa de desmatamento. Mas, agora, com o agravamento das mudanças climáticas, com a maior fragilidade da cobertura florestal, estamos começando a assistir uma mudança de cenário que comprova os alertas que vinham sendo feitos pela ciência de que a floresta tropical, que é naturalmente imune a grandes incêndios, pela sua umidade, está sofrendo impacto muito grande das mudanças climáticas, reduzindo a sua resistência a incêndios e tornando-se mais vulnerável. Os dados infelizmente começam a aparecer nas estatísticas - explicou Capobianco, sobre o impacto dos incêndios sobre a floresta..

Os resultados do Cerrado, pelo menos, foram positivos. Em maio, o desmatamento diminuiu 15% em relação ao mesmo período de 2024. Pantanal também teve redução de desmatamento: 65% a menos, na comparação entre maio de 2025 e 2024, e de 99% dos incêndios.

Os resultados do desmatamento
Amazônia

Maio: 960 km2, 92% a mais que maio de 2024
Agosto de 2024 a maio de 2025: 3502 km2, 9% a mais que o mesmo período entre 2023 e 2024.

Cerrado
Maio: 885km2, queda de 15% em relação a maio de 2024
Agosto de 2024 a maio de 2025: 4583 km2, queda de 22% em relação ao período de 23/24

No ano passado, o desmatamento na Amazônia teve redução, assim como em 2023, em uma das marcas mais celebradas pela atual gestão do governo Lula e da ministra Marina Silva. No entanto, há risco de a tendência se reverter em 2025, já que em abril e em maio houve alta dos números.

O monitoramento Prodes registra as taxas anuais de desmatamento, no ciclo de 1o de agosto a 31 de julho do ano seguinte. O acumulado do ciclo de 2024 a 2025 registra um alta de cerca de 10% em relação ao ano anterior, o que encerraria a sequência de quedas.

'Sinais políticos' pressionam a Amazônia, diz especialista
Por isso, os resultados de junho e julho, quando se inicia o período de seca na Amazônia, serão muito importantes para determinar o resultado final, explica Marcio Astrini, secretário-Executivo do Observatório do Clima.

- O Ibama vai ter que fazer muito esforço nos próximos dois meses. Mas tem a questão de quanto o fator do incêndio vai continuar presente em junho - disse Astrini, que destacou a expectativa sobre possíveis efeitos positivos da megaoperação do Ibama, chamada de "embargão", que embargou, há três semanas, mais de 70 mil hectares de terra e 5.000 fazendas na Amazônia por desmatamento ilegal.

Apesar de concordar com a justificativa do impacto dos incêndios passados, Astrini afirmou que isso não explica tudo. Ele alertou para o fator político na pressão sobre a Amazônia e citou o que chamou de "sinais políticos" negativos.

- Quem desmata é investidor do crime ambiental, então quando começa a ter sinais, vindo de Brasília, de que vai diminuir lei, começa a animar esse pessoal. Já sabem que o Ibama não tem gente suficiente, há problema de orçamento, e aí começam a ver movimentação de anistia de multa, de licenciamento da BR319, de governador pedindo para retirar embargos, do fim da moratória da soja de, que estão xingando Marina. Com tudo isso, começa a animar o pessoal.

Ana Carolina Crisóstomo, especialista em conservação do WWF-Brasil, também criticou fatores políticos de pressão, em especial a aprovação da lei que flexibiliza o licenciamento ambiental.

- Em um país onde o desmatamento e a agropecuária são os principais vetores de emissões de gases de efeito estufa, a flexibilização do licenciamento ambiental representa não apenas um risco, mas uma ameaça concreta à preservação dos biomas e à estabilidade climática. É a institucionalização de uma nova "boiada", em total desacordo com os compromissos que o Brasil assumiu para zerar o desmatamento até 2030 e cumprir o Acordo de Paris. Trata-se de uma escolha que compromete o futuro do meio ambiente e da sociedade brasileira.

Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, destacou o alerta climático, diante dos resultados.

- No ano da COP 30, mais uma vez recebemos o alerta do extremo climático que o planeta está passando. Apesar de todos os avanços importantes que o Brasil vem fazendo no combate ao desmatamento, as consequências das mudanças climáticas já estão evidentes na Amazônia, com secas extremas que aumentam os incêndios florestais. Estamos perdendo centenas de quilômetros quadrados de floresta por mês, um ritmo incompatível com esta emergência climática que vivemos.

https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/06/06/apos-dois-anos-de-queda-desmatamento-na-amazonia-tem-crescimento-recorde-em-maio.ghtml
 

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